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Como escolho as peças do No Waste: entre memória, qualidade e intuição

  • Foto do escritor: No Waste Brechó
    No Waste Brechó
  • 23 de mai.
  • 2 min de leitura

Atualizado: 29 de mai.

Nem toda peça bonita entra no acervo. E nem toda peça que entra é compreendida à primeira vista.


Garimpar pro No Waste brechó é, antes de tudo, um exercício de olhar: técnico e afetivo ao mesmo tempo. Às vezes eu sei exatamente o que estou procurando — um jeans de boa qualidade (não gosto quando tem elastano demais), ou um blazer com uma estampa ou material que quase não se vê mais nas lojas hoje em dia. Outras vezes, eu não sei. É mais como um radar silencioso. Algo me chama a atenção, mesmo que à primeira vista pareça deslocado.


Eu sempre reparo nos detalhes. O tipo de zíper, o tecido do forro, o botão, o peso da peça na mão. Às vezes, é isso que define se ela vem comigo ou não. Gosto de peças que parecem ter sido feitas pra durar, mesmo que tenham sinais de uso. E gosto quando dá pra sentir que ela teve uma história, mesmo sem saber qual.

Já encontrei etiquetas com nomes escritos à mão, anotações escondidas no bolso, até dinheiro de outros países perdido dentro de uma jaqueta. São pequenos sinais de que aquela peça já passou por outros lugares, por outras mãos. E eu acho isso especial. Não é sobre inventar um passado — é sobre reconhecer que ele já existe.



Dinheiro dos EUA que estavam no bolso de uma jaqueta que veio do Chile
Dinheiro dos EUA que estavam no bolso de uma jaqueta que veio do Chile
Nome e data, possivelmente do antigo dono
Nome e data, possivelmente do antigo dono

Claro que também tem coisas que eu não trago. Peça que parece muito nova, muito parecida com tudo que já tem nas lojas, ou com um tecido que eu sei que não vai durar. Mesmo que seja bonita, se não conversa com o que eu quero construir no acervo, eu deixo passar. Outras vezes é o contrário: uma peça que parece simples, mas tem algo — no material, no acabamento — que me convence na hora.


Detalhe do forro estampado de uma parka vintage feita na Romênia, com ilustrações náuticas e personagens retrô em tons suaves.
Detalhe desse forro de uma parka que garimpamos. Fabricado na Romania.

E claro, nem sempre acerto. Já trouxe peça que parecia ter potencial, mas depois percebi que não conversava tanto com o acervo. E também tem dias em que garimpo pouco — não por falta de vontade, mas porque é realmente difícil encontrar peças que façam sentido dentro da proposta do No Waste. Às vezes, tem volume, tem variedade, mas falta aquele algo que conecta.

Já aconteceu também de eu garimpar uma peça que fazia sentido na hora, mas com o tempo ela ficou encalhada no acervo e eu comecei a duvidar da escolha — pensar “por que eu trouxe isso?”.

E o contrário também: peças que ficaram tanto tempo esperando que parecia que tinham perdido o sentido… Até que um dia aparece a pessoa certa, e eu lembro por que acreditei nela desde o início. Curadoria também é isso: nem tudo se justifica no imediato.


Pessoas garimpando roupas em feira ao ar livre com araras e pilhas de peças

No fim, tudo passa por uma pergunta simples: essa peça faz sentido aqui? Não é sobre ser perfeita, nem sobre chamar atenção. É sobre material, caimento, sensação — e se ela sustenta o que o No Waste propõe. Cada peça que entra traz uma escolha por trás. Às vezes óbvia, às vezes instintiva. Mas nunca por acaso.




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